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"Me Chame pelo Seu Nome" e "Lady Bird" levam dilemas adolescentes ao Oscar |
*Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o Portal IG
Me Chame pelo seu Nome e Lady Bird são
dois longas indicados para o Oscar de Melhor Filme que tem em comum tanto o
tema do rito de passagem como o ator Timothée Chalamet, que foi indicado para a
categoria de Melhor Ator Principal pela produção de Luca Guadagnino, Me Chame pelo
seu Nome, a qual também concorre na categoria de Melhor Roteiro
Adaptado.
Me Chame pelo seu Nome conta
a história de Elio Perlman (Timothéé Chamalet), um adolescente que vive com sua
família em uma charmosa vila Italiana nos anos 80. Embora Elio pareça maduro
para um garoto de 17 anos, ao longo do filme percebemos que ainda é muito
inexperiente em relacionamentos amorosos. Quando Oliver (Armie Hammer) chega na
vila como estudante de doutorado de seu pai (que é professor especializado em
cultura Greco-Romana), Elio começa a se apaixonar e encontrar emoções que não
havia sentido antes.
Com o diretor italiano Luca Guadagnino por trás da produção do
filme, Me Chame pelo seu Nome adquire um estilo bastante
característico do cinema europeu. Com câmeras pacientes e que deixam a ação se
desenrolar sem pressa, conhecemos a dor e a alegria do protagonista quase que
em tempo real. Mais importante, há um forte uso de metáforas e comparações
visuais que indicam o estado mental e sentimental do protagonista como, por
exemplo, o constante modo em que o diretor foca na água, na natureza e na vila
italiana do século 17 para comunicar os sentimentos mais pessoais de Elio.
Assim como em Me Chame pelo seu Nome, a protagonista
de Lady
Bird não demonstra ter maturidade em relação aos relacionamentos.
Porém, diferentemente de Elio, a própria família da protagonista se torna um
obstáculo contra este amadurecimento. O resultado é uma adolescente que se
sente completamente fora de sua comunidade. É com a vontade incrível de se
afirmar em um mundo que não vê como seu que Christine (Saoirse Ronan) decide se
chamar de Lady Bird.
Esta atitude não a ajuda em relacionamentos. Lady Bird é
extremamente inocente e não consegue julgar bem quem escolhe para compartilhar
suas emoções. Porém, mais do que em Me Chame pelo seu Nome, que se foca
principalmente no relacionamento amoroso adolescente, Lady Bird também
se concentra na relação da protagonista com sua mãe controladora, que amadurece
com a garota.
Enquanto Me Chame pelo seu Nome é
claramente um filme europeu, a diretora e também atriz Greta Gerwig deu ao
longa o estilo do cinema independente americano visto bastante em festivais
como Sundance. As câmeras da produção são contemplativas e também deixam as
ações se desdobrarem mais do que pode se ver em outros títulos mais
tradicionais. Porém, as próprias ações dos personagens, que são excêntricos,
muitas vezes quebram esta contemplação como, por exemplo, para evitar um
argumento com sua mãe, Lady Bird se joga do carro em movimento.
Com tantos filmes de estilos diferentes no Oscar 2018, é
difícil prever qual será o ganhador ou se um destes dois mencionados ganharão o
prêmio. Se a decisão ficar entre Me Chame pelo seu Nome e Lady Bird,
saberemos que a competição é entre o cinema europeu e o cinema independente americano.
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Daniel Bydlowski |
Daniel Bydlowski é cineasta
brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela
University of Southern California e doutorando na University of California, em
Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America.
Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark
Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu
filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.
Por: Assessoria de Imprensa
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