Depois de um longo e doloroso outono e inverno em casa por conta do isolamento social, a flexibilização da quarentena permite uma retomada, mas com cuidados - inclusive com a pele. Afinal, o sol, o vento e a poluição ainda causam seus danos
Imagem: Danos Ambientais / Divulgação |
Passamos um longo período dentro de casa e, com certeza, muitas pessoas deixaram de usar protetor solar, cremes antioxidantes e hidratantes, já que os efeitos ambientais foram muito minimizados com o isolamento social. Não que essas foram as atitudes corretas, afinal ainda deveríamos usar o fotoprotetor diariamente dentro de casa e tratar a pele como ela merece, mas não é difícil encontrar pessoas que apenas lembram dos cuidados quando sentem alterações na pele. Para que você não chegue nesse nível, agora que já falamos em flexibilização e retomada, enumeramos os cuidados principais que você deve ter com sua pele quando pisar fora de casa:
Ainda há dano solar – Pode parecer fora de realidade, mas as queimaduras solares também acontecem em dias nublados, no outono e no inverno. “Isso ocorre porque as nuvens absorvem por volta de 10% da radiação ultravioleta, ou seja, apesar do dia não estar ensolarado, ele tem praticamente a mesma intensidade de radiação ultravioleta que um dia megaensolarado”, destaca a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Nos períodos mais frios do ano, apesar dos índices de radiação UVB chegarem com menor incidência à Terra, ainda há a presença do UVA, que continua com igual intensidade. “Além disso, temos a luz visível de cada dia e o infravermelho, que está presente no mormaço e calor e, também, quando estamos em ambientes muito quentes. O infravermelho tem alta penetrância chegando à derme profunda. Durante o inverno, sofremos menor exposição, tendemos a ir menos à piscina e praia, mas não devemos deixar de levar em consideração que o Brasil é um país grande e com muitos Estados ensolarados, mesmo no inverno”, afirma a médica. De acordo com a Dra. Paola, é preciso ter atenção ao índice de radiação que é divulgado nas previsões meteorológicas todos os dias nos veículos de comunicação. “Mesmo que o número seja menor que o do verão, ainda assim é importante usar filtro solar todos dias e em todas as épocas do ano. Hoje, é consenso nos Congressos Mundiais de Dermatologia o uso de produtos com ativos antioxidantes pela manhã, principalmente a vitamina C, porque potencializam a proteção da pele pelos efeitos oxidantes da poluição e da radiação solar”, diz a médica. Esses cremes ou séruns com antioxidantes devem ser aplicados antes do filtro solar, como forma de potencializar sua ação. E, lembra a dermatologista, no caso da Vitamina C é importante investir em produtos que garantam a estabilidade do ativo.
O vento (e a baixa umidade) deixam sua pele mais seca – Goste ou não, ainda estamos no inverno e sofrendo a influência de ventos frios e baixa umidade. “A baixa umidade do ar e a queda da temperatura levam a uma diminuição da transpiração corporal. Dessa forma, a pele torna-se mais ressecada e áspera, podendo até mesmo apresentar descamação e vermelhidão em algumas áreas”, explica a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Além disso, no inverno, ocorre um fenômeno conhecido como inversão térmica, quando o ar frio é impedido de circular por uma camada de ar quente. “Como resultado, a camada de ar fria fica retida nas regiões próximas à superfície terrestre com uma grande concentração de poluentes, que são extremamente prejudicais à pele por atuarem ativando mensageiros pró-inflamatórios, promovendo alterações na barreira de proteção da pele, piorando a hiperpigmentação e causando estresse oxidativo com consequente aceleração do processo de envelhecimento”, alerta a médica. Segundo a Dra Kédima, um cuidado essencial com a pele nesse período é em relação à hidratação, pois é a etapa do skincare responsável por prevenir o ressecamento da pele, devendo ser então realizada de acordo com o tipo de pele de cada paciente. “Pessoas com pele seca, por exemplo, devem usar hidratantes em forma de cremes ou loções cremosas ou até mesmo óleos hidratantes. Já quem tem pele oleosa deve preferir hidratantes em gel ou loções sem óleo”, afirma. É importante que, para o inverno, os cosméticos contenham ativos de alta propriedade hidratante e que sejam capazes de segurar a molécula de água na pele. Por isso, vale a pena apostar em produtos formulados com ácido hialurônico em diferentes pesos moleculares.
A poluição continua fazendo estragos – Com a retomada, agora já é possível ver mais carros andando nas ruas e precisamos lembrar da poluição. “Ela libera metais tóxicos (pesados) tais como mercúrio e chumbo, entre outros, que promovem intoxicação no organismo e a formação de radicais livres que resultam em envelhecimento precoce, ou seja, aparecimento de flacidez, linhas de expressão, graças à destruição do colágeno. Os elevados índices de poluição nas grandes cidades colaboram para que poluentes se alojem na pele causando uma cascata de danos que culmina, invariavelmente, no envelhecimento precoce e o surgimento de rugas e flacidez facial”, diz a dermatologista Dra. Claudia Marçal, professora-fundadora do Dermacademy MB e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Um dos poluentes mais agressivos nesse sentido é o PM 2.5 — material particulado de 2,5 micrômetros, 100 vezes menor que um fio de cabelo, com fortes agentes que se depositam na pele, causando danos à barreira cutânea, formação de radicais livres e envelhecimento celular. “Também temos o micropoluente PM10, mas o mais importante é o PM 2.5. O micropoluente é proveniente de diversas fontes, inclusive dos combustíveis, fumaças, indústrias, queimadas e até das próprias frituras feitas em casa. Ele gera a produção de radicais livres de carbono, de nitrogênio e de oxigênio”, diz a médica. Para proteger a pele, é necessário incorporar ativos antipoluição na rotina skincare. Os principais ativos são: Exo-P (um dos poucos que protegem contra o PM 2.5), e os antioxidantes Alistin, OTZ 10, PGT1, Overnight Repair e GPS Trealose. “No geral, utilizam-se de moléculas que reforçam as ações antioxidantes como regeneradores potentes que têm efeito de reduzir o impacto sobre a pele. Também podemos utilizar as vitaminas C, A e E, Densiskin, Procollasyl (efeito de recuperação do colágeno) e Coffeeskin (potente efeito antioxidante), entre outros. Por via oral, algumas cápsulas como os Fosfolipídeos de Caviar, Glycoxil e Bio-Arct podem ser usadas. Elas têm ação anti-inflamatória, antiglicante e antioxidante”, finaliza a médica.
FONTES:
*DRA. CLAUDIA MARÇAL: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Professora e fundadora do Dermacademy MB, plataforma online de ensino a dermatologistas, a médica é speaker Internacional da Lumenis, maior fabricante de equipamentos médicos a laser do mundo; e palestrante da Dermatologic Aesthetic Surgery International League (DASIL). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas - SP.
*DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/
AI
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