A produção de mobiliário moderno, incluindo peças para projeto original do Itamaraty em Brasília, prédios projetados no Rio desde os anos 1960, stands de feiras internacionais e o pioneirismo nos shoppings centers marcam a atuação do profissional
Visitação
de 17 de julho a 12 de dezembro de 2021
A trajetória profissional de Bernardo Figueiredo é revista em exposição
no Museu da Casa Brasileira – instituição da Secretaria de
Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – e em livro publicado pela
Editora Olhares a partir de 17 de julho, com o título “Bernardo
Figueiredo: designer e arquiteto brasileiro”. Curadoras da mostra e autoras
do livro, Maria Cecília Loschiavo dos Santos, professora titular de Design da
FAUUSP, Amanda Beatriz Palma de Carvalho, doutora em design, e Karen Matsuda,
mestre em Design, ambas pela mesma instituição, tiveram o Acervo Bernardo
Figueiredo como ponto de partida para a pesquisa.
“A produção de Figueiredo está situada no cruzamento da arquitetura, urbanismo,
design de mobiliário, design de interiores, cultura e suas inter-relações
transdisciplinares. O que motivou estes cruzamentos? Bernardo foi um homem de
pensamento aberto e sua identidade profissional sempre esteve imbricada com as
condições culturais e sociais do Rio de Janeiro de seu tempo. Ele se envolveu
em diferentes experiências profissionais e humanas, sempre com uma atitude
aberta e positiva, expandindo suas práticas criativas em direções
interdisciplinares e em constante fluxo no Brasil e no exterior”, diz Maria
Cecilia Loschiavo.
Dividida entre o hall de entrada e as três salas principais do MCB, a mostra
traz uma linha do tempo com datas e eventos importantes: desenhos, fotos de
suas criações de design de móveis e arquitetura, além do vídeo Fabricando
a Poltrona Milhazes, que apresenta a fabricação desta peça na fábrica
da Schuster, em Santo Cristo, RS. Haverá também desenhos originais de projetos
urbanísticos criados por Figueiredo para a cidade de Porto Seguro, na Bahia.
Uma das salas contará com 11 peças produzidas nos anos 1960 que fazem parte do
Acervo Bernardo Figueiredo, além de fotos de ambientações dessa época,
incluindo imagens da residência de Bernardo. A exibição de um vídeo com trechos
do filme "Garota de Ipanema" de Leon Hirzman, 1967, apresenta a
segunda residência de Bernardo, que foi uma das principais locações do filme.
A Poltrona Carioca, desenvolvida para ser montada em um programa de TV da
época, estará desmontada e aplicada em uma das paredes mostrando cada uma das
partes que a compõem. Os visitantes ainda poderão conferir fotos do Porão da
loja Chica da Silva, que pertenceu à figurinista Kalma Murtinho, pioneira no
comércio de artesanato brasileiro no Rio de Janeiro. O local era ponto de
encontro de intelectuais cariocas e comercializou moveis de Bernardo durante
vários anos.
Outra sala será dedicada ao Palácio do Itamaraty, que abriga o Ministerio das
Relações Exteriores, em Brasília. Móveis originais como a Cadeira dos Arcos e a
Poltrona Rio irão dividir espaço com as reedições produzidas pela Schuster como
a Cadeira Bahia e a Poltrona Leve. Essas peças fazem parte do projeto do
Palácio. A sala conta ainda com reedições sofás Conversadeira, que
poderão ser utilizados pelos visitantes e com o vídeo Palácio dos Arcos, criado
por Angela Figueiredo com fotos e imagens de 1967 e 2017.
Em um terceiro espaco serão apresentadas peças reeditadas pela fábrica
gaúcha Schuster Móveis que, desde 2011, produz os móveis de Bernardo. O público
visitante poderá experimentar o mobiliário.
"Relançar os móveis do Bernardo significa manter vivo o legado e a própria
história do mobiliário nacional. Suas dificuldades, necessidades e propostas de
solução. Tudo isso sempre apresentado uma brasilidade típica junto à discussão
do jeito de ser e morar do brasileiro e suas relações com a natureza e sua
filosofia própria", comenta Wilson Schuster, diretor da empresa gaúcha.
Sobre Bernardo Figueiredo
Formado em 1957 pela Faculdade Nacional de Arquitetura (atual FAUUFRJ), o
carioca Bernardo Figueiredo (1934-2012) iniciou sua carreira projetando
edifícios, explorando o universo do design de móveis e da arquitetura de
interiores. Ao longo de sua carreira, ele traçou projetos urbanísticos,
desenhou estandes para feiras nacionais e internacionais, projetos gráficos e
empreendimentos comerciais, sendo pioneiro na criação de shoppings centers no
país, como o Barra Shopping, inaugurado em 1981 no Rio de Janeiro.
A carreira de Bernardo esteve fortemente ligada ao Rio de Janeiro nas décadas
de 1960/70, sobretudo a Ipanema, bairro onde nasceu e viveu e que se tornou um
dos epicentros da cultura brasileira no periodo.
“Bernardo, assim como seus contemporâneos, refletiu sobre a materialidade,
oferecendo projetos ousados, que visitavam diversas frentes, sem deixar de lado
a real funcionalidade de cada um deles, para o seu público-alvo”, explica Karen
Matsuda.
Bernardo trabalhou na loja Oca, onde teve a oportunidade de conviver
diretamente com Sergio Rodrigues e Inge Dodel. Sobre essas experiências, dizia:
“Inge me disciplinou, Sérgio me permitiu a intimidade com o móvel e Tenreiro me
aguçou o estilo”.
Teve participação marcante na concepção do projeto de arquitetura de interiores
do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores em
Brasília, em 1967. Ele foi convidado a mobiliar as principais salas do palácio
e conviveu, na ocasião, com nomes do modernismo como: Oscar Niemeyer, Burle
Marx, Athos Bulcão, Bruno Giorgi e, novamente, Sergio Rodrigues e Joaquim
Tenreiro, também chamados para participar do projeto.
“O móvel brasileiro existe quando atende às condições próprias da nossa gente.
É essa exatamente minha preocupação ao criar um modelo. Proporcionar através do
conforto, plástica, materiais e autenticidade, o encontro daquilo que é acima de
tudo útil para quem o procure. É uma questão de identidade”, dizia Bernardo
Figueiredo.
A constante movimentação de Bernardo e sua busca por um modo de vida mais perto
da natureza o levaram a se mudar para Porto Seguro, na Bahia. Lá, quis
contribuir para algumas soluções para a população local encabeçando pequenos
edifícios e projetos urbanos, além de se dedicar a preservar a riqueza natural
e cultural da cidade histórica.
"Desde sua chegada em Porto Seguro, Bernardo lutou para que a cidade
preservasse toda a natureza e vegetação ao redor. Em 1984, quando soube que
usinas de álcool seriam implantadas na região, chegou a criar e liderar um
grupo em defesa da cidade", contam as autoras Maria Cecília, Amanda
Carvalho e Karen Matsuda.
“Bernardo teve uma carreira abrangente e múltipla, e suas criações permanecem e
demonstram a validade formal e o rigor das respostas de projeto que ele soube
dar às mais variadas demandas com as quais se defrontou”, segundo Maria Cecília
Loschiavo.
Sobre o livro
O livro é um importante registro que amplia o conhecimento dos campos de
arquitetura e design no Brasil na segunda metade do século XX ao destrinchar o
pensamento de um profissional multidisciplinar, que se formou no auge do
período moderno e atuou com pioneirismo e sucesso em diversas tipologias. Além
dos textos das autoras e de apresentação de Angela Figueiredo e Adriana
Figueiredo, a publicação conta com prefácios do MCB e do diplomata Heitor
Granafei, que coordenou uma grande pesquisa sobre o mobiliário original do
Palácio dos Arcos, além de ensaio fotográfico de André Nazareth.
Título: Bernardo Figueiredo: designer e arquiteto brasileiro
Publicação: Editora Olhares
Organização: Maria Cecilia Loschiavo dos Santos
Autoras: Amanda Beatriz Palma de Carvalho, Karen Matsuda, Maria Cecilia
Loschiavo dos Santos
Ensaio fotográfico: Andre Nazareth
Prefácios: Heitor Ganafei, MCB
Coordenação do projeto: Angela Figueiredo
Patrocínio: Móveis Schuster
Formato 21x28cm, capa dura
Número de páginas: 176
Tiragem: 2.000
Edição bilíngue / versão em inglês: Adriana Figueiredo, Mark Farnen e Emily
Cavelier
Preço de capa: R$ 139
SERVIÇO:
Exposição Bernardo Figueiredo: designer e arquiteto brasileiro
Visitação a partir de 17 de julho, sábado, às 10h, até 12 de dezembro de
2021.
Funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 18h.
Ingressos: R$ 15 e R$ 7,50 (meia-entrada) | Crianças até 10 anos e maiores de
60 anos são isentos | Pessoas com deficiência e seu acompanhante pagam
meia-entrada
Gratuito às terças-feiras.
Acessibilidade no local
Bicicletário com 40 vagas | Estacionamento pago no local
Museu da Casa Brasileira | Av. Faria Lima, 2705 | Tel.: (11)
3032-3727
SITE: mcb.org.br/
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